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As obras de Nina Trindade apresentam uma investigação poética gerada no interior de uma experiência de vida focada na construção subjetiva do sujeito. A partir de uma premissa autobiográfica, algumas das questões exploradas pela artista podem ser estendidas a toda humanidade. Tal é o caso, por exemplo, da memória. A partir de algumas orientações gerais, pode-se perguntar: quem não recorre à memória, para constituir um princípio de identidade própria? As obras de Nina Trindade seguem uma trajetória discursiva muito particular, dando continuidade a uma tradição arraigada na cultura popular e na arte contemporânea no Brasil.

O bordado chegou até nós na segunda metade do século XVI. Na arte contemporânea brasileira já existe uma tradição que conta com o bordado como manipulação material para a construção poética do discurso artístico, verbal, figurativo, abstrato, textual, bem como suas variações, como se dá nas obras de Leonilson e de Ana Miguel. As obras de Nina Trindade, com diferentes configurações que giram em torno da experimentação poética, solicitam determinadas organizações espaciais. Ora mais próxima de uma tradição escultórica, ora do relevo, as obras, intencionalmente, provocam um deslocamento no olhar, na percepção e no corpo do fruidor.

Carlos Silva

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